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Data is in your Pocket

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Quem nunca achou uma nota antiga no bolso da calça? No porta-luvas do carro? Ou no fundo da gaveta? Apesar do dinheiro na verdade já ser seu, a sensação é ótima e tem o seu valor, aqui, em dobro. Afinal, a sensação de surpresa tem esse poder. Agora, imagine que ao invés de centavos, ou apenas uma nota de R$ 20 (ou uma de R$ 50, se você for muito sortudo), você descobre ali alguns milhões de reais? Bom, para uma pessoa isso talvez não seja tão comum, ou praticamente impossível, mas para empresas isso vem acontecendo, e muito mais do que imaginamos. A única diferença é que não são necessariamente as notinhas que estão ali, mas, como diz o ditado: a vara e o anzol. E, no caso da news de hoje, os acessórios para pescaria são outros: dados, a capacidade de transformá-los em informações e conhecimento aplicáveis aos negócios. O twist da news de hoje é que os dados que estamos falando aqui são aplicados aos negócios dos outros. Ou seja, empresas que descobriram em Data Insights não apenas formas de gerar valor (SVA) e otimizar seus próprios negócios, mas também uma nova fonte de receita com novos negócios.

A new House

O assunto dos dados para as empresas não é novo, há uns bons anos o mercado vem repetindo a frase do “novo petróleo” e, aqui mesmo no Morse, já tratamos sobre o tema. Há quase um ano, a gente comentou como as companhias estão “andando uma casa” no tabuleiro para outros setores, e hoje, foi justamente uma casa que nos fez voltar para o assunto. OK, não exatamente uma casa, mas várias, ou melhor, um marketplace de casas… A notícia de que a OLX usará os dados da recém-adquirida Zap Imóveis para abrir novas frentes de negócios.

Em Novembro de 2019 conversamos em exclusividade para o MorseCast (que você pode escutar aqui) com o VP e economista-chefe da OLX, na época-chairman do DataZAP, Danilo Igliori, sobre como a DataZAP foi criada para atender os diversos players do mercado imobiliário com algumas ferramentas de inteligência de dados. Igliori chegou a falar do uso por parte do varejo, já que é um segmento que possui um grande viés imobiliário na seleção e investimentos de PDV’s. “Conseguimos estudar de forma bastante detalhada a oferta, a demanda e a precificação dos bens imobiliários, fatores que são complicados de entender no detalhe sem o tipo de análise e dos dados que podemos prover”, Igliori comentou no podcast. Na época, chegamos até a espiar como é a ferramenta de análises de preços por rua de São Paulo, que, agora a OLX indicou que será um dos serviços ofertados. O pulo do gato é: a OLX pretende expandir a ferramenta para outros setores. Ou, segundo o COO da OLX: “Queremos colocar esses dados na mão do consumidor. E parte desses modelos e dessa inteligência poderá ser replicada para outras ofertas da OLX, como o segmento de autos”. Agora, pensando aqui, imagine como a compra de um automóvel, que após um imóvel é normalmente o maior investimento de uma pessoa física, na maioria das vezes não é uma decisão racional. Agora, imagine como o uso de dados e insights pode otimizar isso: qual cor, modelo e outras variáveis têm maior potencial de revenda na sua região? Essa com certeza é uma informação e pode te ajudar a economizar um bom bocado…

Chuva de dados

Não são apenas dados imobiliários que podem interessar setores diversos. Já parou para pensar na quantidade de negócios que podem ser influenciados pelo clima? Faça chuva ou faça sol, tudo pode mudar. E isso nos lembra o que aconteceu com a IBM, que lá nos ditos 2016 comprou a Weather Channel por algo próximo de US$ 2 bilhões. Corta para cinco anos depois: a empresa de serviços de infraestrutura e de cloud já oferece a outras companhias o pacote da sua plataforma com os dados de clima adicionados. Segundo a IBM, só nos Estados Unidos, o clima afeta a economia em US$ 1 trilhão por ano! O leque de uso das informações de tempo é tão vasto quanto a variação de temperatura que rolou nessa semana em São Paulo: de companhias agrícolas até farmacêuticas, passando por varejistas e empresas de logística. Incluídos dentro da inteligência artificial da IBM – o famoso Watson – tais dados conseguem trazer insights, até mesmo, de comportamento das pessoas (sério, eles têm um “previsor de alergias”!) , o que nos leva ao uso “extra” dos dados como serviço de valor agregado dentro dos negócios da IBM: para ads. No ano passado, a IBM lançou o Watson Advertising Weather Targeting, uma ferramenta que, junto aos dados da Nielsen, oferece formas de segmentar audiências a partir da previsão do tempo. Além disso, o produto ainda oferece formas de se prever o comportamento de parte da audiência, exatamente a partir do tempo. Ou seja, a IBM acabou achando nos dados do Weather Channel uma forma de fazer targets e oferecer espaços personalizados de ads.

A good Trip

A Rappi foi outra que percebeu nos dados dos seus usuários uma mina de ouro para a monetização da sua área de ads. Ontem mesmo eles anunciaram o lançamento da Brands by Rappi, uma plataforma de marketing, análise e desempenho das marcas dentro do aplicativo. Isso veio um ano depois de o app começar a investir mais pesado nas parcerias B2B, com o Rappi One por exemplo, e na abertura de lojas “D2C” de marcas. Houve um entendimento da maneira que as marcas preferiam usar o app e também um empurrãozinho de como a Rappi quer se formatar como superapp, se valendo do ecossistema. Se o assunto é ecossistema, o setor de mobilidade é outro que tem os dados como fonte da sua disrupção. No final do ano passado, a 99 lançou o 99 Pay, sua carteira eletrônica, o que já era um plano da Didi Chuxing quando comprou o aplicativo. Os chineses perceberam que, com as informações e a capilaridade contida ali no app, a 99 estava a um passo de entrar no mundo financeiro com uma grande vantagem em mãos. “Na prática, o que estamos oferecendo já são serviços de fintech”, diz Maurício Filho, diretor da 99Pay, em entrevista ao Neofeed no ano passado. “Poucas plataformas estão presentes no dia do brasileiro como a 99 e entendemos que podemos usar isso para democratizar esses serviços, principalmente para as pessoas desbancarizadas.” Pense aqui que a 99, mais do que ninguém, consegue entender o fluxo financeiro e potencial de compra e tomada de risco de seus motoristas.

Ei, você aí, me dá um empréstimo aí!

Se a 99, ou qualquer outra empresa de Ride Hailing, consegue entender o potencial, e o risco, de tomada de crédito de seus motoristas, imagine quantos outros negócios não podem ir pelo mesmo caminho. Por isso que ERPs e Marketplaces estão de olho nesse mercado. Mais do que “apenas” ter dados sobre os negócios do potencial interessado, existe a possibilidade de cruzar os dados com demais players do mesmo segmento, da mesma região, ou diversos outros cruzamentos, para entender e diluir o risco de crédito. Essa foi inclusive a pauta de um MorseCast super bacana com o Eduardo Neubern, diretor Executivo da TechFin, a fintech da Totvs (que você pode escutar aqui).

Alô, tudo bem? Aqui também tem Data Insights

Falando em data insights não podíamos deixar as operadoras de fora! Como é difícil alguém sair de casa sem o celular hoje em dia, ninguém melhor do que as operadoras para entender comportamentos a partir de dados. Tanto que, há menos de um mês, a Tim informou que vai criar uma área apenas para monetização de dados, um movimento que veio um pouco tempo depois da Telefônica, dona da Vivo no Brasil, também noticiar uma reestruturação e a criação de uma nova empresa apenas voltada para os seus produtos digitais – criados a partir de sua base de dados. A Claro também tem investido em novos negócios focados em dados da sua base: desde o fortalecimento de sua área de marketing até serviços de score de crédito com base em dados como valor de fatura e pagamentos em dia. Além de serviços de combate à fraude, já que consegue usar os dados dos celulares para evitar a clonagem de identidade e o fornecimento de informações falsas, até a criação de serviços ligados à segurança da informação, que usam os dados do celular como um ponto para criar score de crédito. Os números mostram que a aposta tem dado certo: a receita com serviços móveis da Claro cresceu 10% em 2020 em comparação com 2019, e abre uma possibilidade de receita no B2B para incorporar no ARPU dos usuários do B2C.

Do mundo das grandes empresas para as empresas maiores ainda, temos a empreitada da Apple no mundo do Health a partir da parceria com… academias. Sim, academias. A Big Tech passou a oferecer parceria com algumas redes de academias nos EUA: as academias oferecem Apple Watches a seus novos clientes, a Apple dá em troca um pouco de análise de dados e fica com as informações de uso. Aqui a gente lembra do caso da Movement, que, OK, não é Big Tech e nem americana, mas entendeu que os insights de dados de uso de seus produtos de academia poderiam ser um bom produto… Para as próprias academias, mas também para um grande universo de empresas querendo conhecer melhor o comportamento de quem sua a camisa…

Carne do Futuro

A troca de dados pode favorecer uma empresa iniciante que ainda não tem seus próprios dados. Foi mais ou menos o que rolou com a Fazenda do Futuro, que, a partir de inputs do Lab de Inovação do GPA (Pão de Açúcar), conseguiu definir quais produtos deveriam priorizar, e de que forma. Quem contou isso para a gente foi o Otávio Thomé, ex head de Inovação e atual head de loyalty e customer value do Pão de Açúcar neste episódio do Morsecast. Segundo Thomé, o GPA já percebia entre os Clientes Mais uma procura maior por produtos plant based, o que acabou direcionando a busca do grupo por marcas que produzissem esse tipo de alimento. Uma delas foi a Fazenda do Futuro. Quanto mais os produtos vendiam, mais o GPA percebia a procura por alguns tipos de alimento – o que levou o GPA a firmar parceria para venda do hambúrguer vegano em 2019. Chegou um ponto que o GPA chegou a dividir inclusive qual a demografia e a localização das lojas onde as “carnes veganas” eram mais bem aceitas, o que, na outra ponta, ajudou as startups a focarem melhor seus esforços. No final, o ciclo foi bastante vantajoso para todos da cadeia – incluindo aí os clientes, que passaram a encontrar mais variedades nas lojas.

Lojinha de Insights

Se lembrar de como a Blockbuster foi sumindo do mapa conforme a Netflix foi evoluindo te faz pensar que o Varejo físico está com os dias contados, pense duas vezes. Com a migração do varejo para o modelo online, o espaço físico está virando um local com novos propósitos que vão de capilaridade logística do delivery à possibilidades de gerar experiências para os consumidores. E, nesta segunda parte, tem tudo a ver com nossa pauta. Saber como os consumidores utilizam produtos é um dado de extrema importância para a indústria e, com isso, as lojas podem virar um verdadeiro laboratório de pesquisa e experiências para marcas. Aqui entra um ponto importante do “phigital” – o novo nome dado para o bom e velho omnichannel. De operações como Cliente Mais do Pão de Açúcar às lojas autônomas como a Zaitt, explorar o potencial da experiência física de consumo atrelada à coleta de dados de forma digital está transformando o Varejo num parceiro extremamente estratégico para a indústria, e isso é de suma importância num mundo que caminha para o delivery e poderia redesenhar a cadeia de intermediários. Sim, com diversas operações de entrega rápida surgindo, o papel do Varejo enquanto canal de capilaridade logística passa a ser desafiado, e a virada de chave para um parceiro de estratégia de insights é super oportuno. Em entrevista ao MorseCast, o Rodrigo Miranda, CEO da Zaitt, primeira loja 100% autônoma do Brasil, comentou sobre os benefícios de entendimento e insights de consumo quando é possível ter a análise do comportamento do consumidor no ambiente físico enquanto toda transação é mapeada dado que tudo na Zaitt é feito pelo App. Outra abordagem interessante vem dos varejistas que aproveitam o aprendizado gerado em suas operações e transformam em ofertas para o mercado em modelos de SaaS, Playbook ou Consultoria, como exemplo temos a Starbucks atuando desta forma desde 2019.

Relax, the Future is here

Se você nos acompanha há um tempo pode perceber que, na essência, nada do que falamos aqui seja uma novidade. Na verdade, a Newsletter de hoje acabou virando um grande “marketplace de muito do que já falamos por aqui”. A novidade está então em como as conexões estão surgindo, em como passado o momento de euforia, de busca por mais dados e mais tecnologia, estamos chegando ao momento do “platô da produtividade”, no qual profissionais e empresas estão olhando para a transformação digital não mais como feira de ciências, e sim como core business, e o melhor, brand new business. E você, já parou para pensar quais novos negócios sua empresa poderia explorar com os ativos (base, dados e tecnologia) que você já possui? Ou quais outras empresas poderiam te dar aprendizados e insights interessantes para acelerar o seu negócio? Isso pode em breve virar um Marketplace B2B de Insights (será?)… mas, por hora, se quiser bater um papo sobre o assunto para ventilar suas idéias, manda um alô aqui nessa news- e participa da nossa sala lá no Clubhouse! Isso pode virar um potencial novo negócio para ambos os lados 🙂 E, caso queria entender melhor as oportunidades que podem existir no seu negócio, fale conosco!

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