All in no canto da sereia?
A uma semana da Black Friday, a gente consegue fazer uma previsão: uma parte das pessoas vai comprar online sem usar sites ou aplicativos de mensagens. Sem entrar no site das lojas, ou até mesmo pelo app. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que, só neste ano, dois em cada dez brasileiros já comprou utilizando o Whatsapp. Isso, combinado com mudanças vindas do app – tem feito a estratégia de empresas migrarem unicamente para ele. A sensação é que já passamos por isso: marcas acreditando no canto da sereia de se tornar “Only” em um canal de comunicação só com o usuário. Qual é a saída para que os erros do passado não se repitam?
What’s up?
No começo do mês foi anunciada a função “Catálogo”para o Whatsapp Business – que é basicamente uma vitrine virtual para as empresas que quiserem mostrar produtos para vender no app. Nesse mesmo mês, o Facebook – o dono do Whats, para os desavisados – lançou o Facebook Pay, sistema de pagamento P2P que deve funcionar em todo o seu ecossistema. Para bom entendedor, não é preciso dizer muito: se estão dando espaço para vender e criando formas de pagar, é claro o caminho do futuro de se aproximar de um superapp. O que nos lembra, obviamente, dos superapps que já existem por aqui, como o do MercadoLivre ou o iFood.
Only one.
Para pequenas empresas, parece um bom caminho, afinal, não precisa criar uma tecnologia proprietária para fincar o pé no Mobile. O Sebrae de São Paulo, por exemplo, está dando cursos para pequenos e médios empreendedores sobre a ferramenta – e eles usam exemplos de lugares que têm quase 60% das vendas fechadas via app. Existe até o termo “Whatsapp Only” (e um outro, chamado Conversational Commerce, mas não vamos falar disso hoje) para falar sobre serviços e lojas que aboliram por completo os serviços em seus sites e foram de vez para o ‘Zap’. Para gente, esse é um sinal amarelo já.
Muita calma nessa hora!
Uma parada aqui para lembrar: em 2012, as redes sociais cresceram tanto em números de usuários por aqui, que pareceu para muitas empresas que faria mais sentido focar a estratégia de comunicação apenas em páginas. Muitas marcas deixaram os seus próprios sites de lado, e focaram unicamente nas redes sociais. E isso deu muito certo, até que deixou de ser. Os algoritmos mudaram e Fan-pages muito populares viram suas audiências caírem para 10% do que era da noite para o dia. Sem dinheiro para gastar na plataforma, se tornou cada vez mais difícil para as páginas continuarem aparecendo para os usuários.
Quer viajar?!
E isso não aconteceu só com as redes sociais, não. Em 2018, o Google fez mais de 3,2 mil alterações em seu algoritmo de pesquisa, em 2017 foram 2,4 mil; em 2010, quando as empresas estavam no oba-oba do SEO e de ads em buscas do Grande G, foram apenas 500 mudanças. Numa dessas, a Expedia e a TripAdvisor começaram a ter seus resultados financeiros afetados – afinal, boa parte da exposição deles está neste canal. No terceiro trimestre, as companhias tiveram queda na receita – e alta nas despesas com Marketing. O motivo? Mudanças no algoritmo do google. De acordo com o CEO da Expedia, Mark Okerstrom, o buscador começou a deixar os links “de graça” mais abaixo na página, acrescentando “novos módulos”, o que fez a empresa migrar para um marketing mais caro para continuar tendo algum tipo de retorno.
Rich Message?
Falando em Google, ela é uma das empresas mais interessadas em tornar o RCS viável. Para os desavisados, RCS é o “novo SMS”, basicamente uma forma de se mandar mensagens para outros celulares utilizando o pacote de dados do plano. A Claro foi a terceira operadora brasileira a lançar o formato, mas em parceria com o Google, o que indica que os celulares Android podem mandar mensagens “ricas” – com imagem, vídeo e áudio (qualquer semelhança com outros aplicativos não é mera coincidência); mas a Oi também tinha seguido o mesmo caminho. Será que teríamos empresas RCS Only?
Right x Easy
Ser Mobile significa, sim, estar presente em espaços do celular que os usuários estão. Mas não quer dizer estar presente apenas neles. Até porque, olhe para o seu próprio smartphone: o Mobile traz uma variedade absurda de canais. E por mais que seja fácil estar presente em só um aplicativo, ou apenas em ferramentas de busca, a gente já sabe que a dependência de um canal não faz bem para a empresa e para a marca. O melhor é sempre mapear e explorar tudo que o Mobile oferece. Mas tudo mesmo!
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