Ghost Interview

Clubhouse: um papo com o CEO!!!!

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Como levar a mesa de bar para um app? E uma sala de aula? Uma conferência dos fodões da tecnologia?! Paul Davison e Rohan Seth tentaram desvendar as perguntas com um app: o Clubhouse. Mas, para chegar até o aplicativo que virou o tópico número um das conversas do mundo digital nos últimos dias, esse caminho passou por muitas falhas. Para sermos exatos, foram nove apps criados que acabaram falhando, antes do Clubhouse.

O Ghost Interview da semana não podia ser diferente e trouxe um pouco da história e as opiniões de Paul para as próximas linhas. E, para aprofundarmos ainda mais nesse conteúdo, com a participação de vocês, teremos uma sala exclusiva para batermos um papo sobre essa news que você está lendo. Vai ser hoje mesmo, às 19:00, lá no Room do Morse Ghost Interview no Clubhouse – o link está aqui.


Tentando explicar em poucas palavras, para aqueles que ainda estão um pouco perdidos, o que é o Clubhouse e para que ele serve?

Primeiro, preciso deixar claro que estamos ainda em fase de pré-lançamento, por isso ainda está sendo apenas para convidados, mas estamos trabalhando o melhor que podemos para conseguir abrir para todos.

Mas, basicamente, o Clubhouse é um novo tipo de rede social baseada em voz, onde as pessoas vão para falar, para escutar e para aprender umas com as outras em tempo real. Há milhares de assuntos.

O nosso foco é criar um diálogo e uma conexão autêntica entre as pessoas, no lugar apenas de curtidas e números de seguidores, isso tudo apenas usando a voz.

(Entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC, em 1 de fevereiro de 2021)

Paul, lá em 2012, você fundou um aplicativo chamado Highlight, que mostrava quais amigos estavam próximos ao usuário. O app foi a sensação do SXSW da época, mas acabou não decolando. De qualquer forma, o app foi criado enquanto você era um “empreendedor residente” no VC, Benchmark. Pode contar um pouco para a gente o que faz um empreendedor residente e como isso ajudou a criar o Highlight?

É uma posição informal e geralmente temporária em uma empresa de capital de risco. O “ER” não é sócio pleno e geralmente não está procurando investimentos para a empresa fazer.

Em certo sentido, é um período sabático que os empreendedores em série levam enquanto descobrem o que vai acontecer, em vez de viajar pelo mundo.

Conheci o pessoal da Benchmark porque a Metaweb, onde trabalhei três anos, foi adquirida … Eu não estava trabalhando no lado de investimentos. Em vez disso, estava tentando descobrir o que queria construir. Eu tinha um escritório lá. Eu fiz whiteboarding e conversei com as pessoas. Durante a fase de ideação, houve muito desenho, leitura e conversa com as pessoas. E então do lado da equipe, eu estava me encontrando com pessoas interessantes que estavam em espaços semelhantes a mim. Eu cheguei com um monte de ideias, basicamente coisas que anotei no meu diário de ideias ao longo dos anos. Minha mente sempre voltava ao Highlight … Depois de muitos esboços, desenhos e enquadramentos, eu disse à Benchmark que isso é o que estou fazendo e é hora de levantar dinheiro. Foi extremamente útil ter a equipe do Benchmark por perto quando surgiram perguntas ou quando eu queria trocar ideias de produtos com alguém. Por fim, eu mostrei formalmente a ideia para eles… que acabaram investindo no projeto do Highlight.

(Entrevista ao Business Insider em 15 de março de 2012)

Saindo dessa sua experiência na Highlight, você fundou outros dois apps, o Roll e o Shorts, dois aplicativos que também acabaram não decolando, o segundo chegou a ser comprado pelo Pinterest em 2016; depois disso ainda teve o Coinlist, um app de troca de criptomoedas. De qualquer forma, foi na época do Highlights que conheceu Seth Rohen, com quem criou o Clubhouse, como foi esse encontro? Por que decidiram se juntar para criar o app?

O Clubhouse está se movendo rapidamente hoje, mas a jornada começou há muito tempo. Nós dois [Seth e Paul] nos conhecemos em 2011 por meio de um amigo em comum, e nos conectamos por um amor compartilhado por produtos sociais. Naquela época, Rohan estava trabalhando em maneiras de ajudar amigos a se encontrarem nas cidades, e eu estava construindo o Highlight. Nos dez anos seguintes, ambos continuamos trabalhando em produtos sociais – experimentando novos aplicativos, falhando e começando de novo.

No outono de 2019, nos conectamos por causa de um trabalho que Rohan estava fazendo para ajudar sua filha Lydia, que nasceu com uma doença genética rara, e eventualmente essa reconexão nos levou a finalmente nos unir para trabalharmos juntos. Contra nosso melhor julgamento e com o apoio das nossas esposas muito pacientes, decidimos fazer uma última tentativa com os aplicativos sociais.

(Texto publicado no blog da Clubhouse, assinado por Seth e Paul, em 24 de janeiro de 2021)

O Seth trabalhou no Memry Labs, e lá foi responsável por lançar seis produtos diferentes, sempre ligados ao mundo do social. E, juntos, vocês tiveram um lançamento de app antes do Clubhouse, certo? Conta para a gente do Talkshow?

Nós sabíamos que queríamos construir algo juntos, e que estamos muito interessados em voz e em mídia de áudio. A gente olhava para o que estava acontecendo com os AirPods, os smart speakers, as integrações com o sistema de som do carro e até mesmo coisas secundárias, como as tecnologias que transformam texto em voz e a gente entendia que isso tudo tinha integrado o áudio à nossa vida digital.

Com o áudio e esse pensamento como foco, tivemos alguns conceitos – e tentamos manter tudo bem ligado a esse conceito do áudio para o dia a dia. O nosso primeiro protótipo foi um app chamado Talkshow, uma plataforma de live podcasting, um conceito similar e mais formal que o do Clubhouse: permitia apenas que duas pessoas gravassem seus programas e publicassem para outras. Havia um elemento de social nisso, era possível para a audiência enviar perguntas, os usuários podiam ver o que o outro estava escutando, mas ainda parecia demais com um podcast. E pensamos, que tinham pontos interessantes nesse app, mas não era nada diferente do que já existia no mercado. Queríamos estar num ponto muito mais casual. Com isso em mente, fizemos as mudanças necessárias e lançamos a primeira versão do Clubhouse em março do ano passado.

(Entrevista ao podcast Hello Monday, em 25 de janeiro de 2021)

Antes de falar do Clubhouse em si, o que você acha da voz como um meio de mídia digital?

A voz é algo relativamente novo para o mundo das redes sociais, mas se pensar na humanidade, a voz é a mídia mais antiga. A gente estava se juntando para conversar e contar histórias antes mesmo de saber como escrever, bem antes de tirar fotos ou criar vídeos, é algo essencialmente humano. A parte mais difícil é encontrar com quem conversar.

Eu acredito que as melhores tecnologias de comunicação, as que tiveram mais impacto, efetivamente pegaram algo que a gente amava fazer, e deixaram isso ainda mais fácil, quase que mudaram as leis da física. Um exemplo: antes do telefone, você só conseguia falar com as pessoas que estavam perto, com o telefone, essas fronteiras se expandiram, você pode conversar com pessoas de Tóquio, de Nairobi, e olha a transformação que isso trouxe para a humanidade! Com o vídeo foi a mesma coisa: antes a gente só podia ver o que estava próximo, com o vídeo foi possível enxergar os topos de montanhas, além das paredes que nos cercam.

Quando falamos em conversas, é difícil ter o espaço físico para conversar com quem admiramos e gostamos: conversamos em jantares, em conferências, em zoom calls. Nosso objetivo com o Clubhouse é dar às pessoas acesso instantâneo a conversas significativas e a conexões significativas.

(Entrevista ao podcast Hello Monday, em 25 de janeiro de 2021)

A voz, de fato, é um pouco mais democrática quando pensamos em criação de conteúdo e de impacto…

Sim, e vemos isso no uso do app. Boa parte das pessoas acabam falando nas conversas. A voz é um meio tão poderoso e íntimo, você tem a entonação, a flexão, o volume, dá para comunicar muito bem, mas sem a ansiedade do vídeo, não precisa se preocupar com a sua aparência no momento ou se a sua casa está bagunçada para aparecer na call, então é realmente autêntico. É incrível o quão rápido você pode criar conexão com outras pessoas usando apenas a voz.

(Entrevista ao Bloomberg Technology em 1 de fevereiro de 2021)

E como vocês sabiam que o Clubhouse ia virar?!

Eu digo que foram tantos anos empreendendo que o nosso instinto era achar que não ia dar certo.

(Entrevista ao podcast Hello Monday, em 25 de janeiro de 2021)

Então vamos refrasear: como vocês trabalharam para fazer o app “virar”?

No começo, ou eu ou o Rohan entrávamos em salas de conversa. Ficávamos 24 horas por dia no aplicativo, apenas conversando com os usuários. Nós recebíamos um alerta a cada novo usuário, se eu estava em algum call com o Rohan, eu falava para ele “preciso desligar, preciso desligar, tem um novo usuário [no Clubhouse]”, e eu ia falar com esse novo usuário. Eu chegava bem animado para saber como as pessoas tinham ficado sabendo do Clubhouse e, na maior parte do tempo, elas nem sabiam quem eu era e saiam da sala. Mas com isso, aprendemos muito sobre o app, a gente chegou a colocar updates do aplicativo todos os dias. Toda vez que alguém falava de algum bug, a gente ia lá e consertava em 10 minutos.

Por alguns meses, nós dois ficamos focados no produto, em melhorá-lo, em criar a comunidade. Fomos nós dois por alguns meses, inclusive. E o que aconteceu foi que os usuários estavam voltando, usando o aplicativo mais vezes e percebendo as melhoras. E aí que entrou a ideia de colocar os convites para quem já estava ali. Assim conseguimos escalar de uma maneira controlada.

No começo do Clubhouse se tinha essa ideia de que a gente estava querendo construir um clube ultraexclusivo, mas nunca foi nossa intenção. Sempre quisemos abrir para todos, mas não podíamos ter a escala com qualidade.

(Entrevista ao podcast Hello Monday, em 25 de janeiro de 2021)

Essa é em nome dos usuários: no momento, você mesmo comentou que estão em pré-lançamento, estão ainda crescendo via convite e apenas no iOS. Quando planejam ir para o Android e abrir para todos?

Aos poucos, estamos aumentando os convites que cada usuário tem e vendo o que acontece com a experiência. Se conseguirmos escalar a qualidade depois desses convites, a gente aumenta a quantidade de convites. Espero que em meses a gente já tenha o app para todos, pelo menos para o sistema Android e adaptado para mais línguas. Não será questão de anos, mas também não de semanas.

(Entrevista ao Bloomberg Technology em 1 de fevereiro de 2021)

Por ser ainda muito iniciante, o Clubhouse atrai pelo poder de criação de audiência orgânica, algo que muitas redes sociais já perderam. O que acha sobre o fato da rede já estar criando pequenos pools de influencers e pessoas já indo atrás dos números de outras redes?

Se você pensa como a voz pode ser usada, é uma mídia bem ampla. E eu acho que a mídia, como voz, tem um espectro, de um lado tem o Broadcast, onde as pessoas querem chegar a muitas outras, falar direto com uma audiência grande. Do outro ponto, tem aqueles que querem se juntar para ter conversas mais íntimas, em apenas 3 ou 2 participantes, e isso é importante também. E é importante a plataforma ser aberta para os dois. Queremos acomodar o espectro todo.

(Entrevista ao podcast Hello Monday, em 25 de janeiro de 2021)

Muita gente pergunta sobre o modelo de negócios. Esse assunto inclusive foi pauta de um Room que fizemos segunda-feira no Clubhouse e falamos sobre as possibilidades…

Queremos criar um negócio para apoiar os criadores de conteúdo, aqueles que conseguem juntar pessoas. Queremos criar ferramentas para monetizar diretamente os criadores.

(Entrevista ao podcast Hello Monday, em 25 de janeiro de 2021)

Ou seja, vocês estão planejando ter uma ferramenta de monetização do app, conta mais…

Estamos nos animando com a ideia de monetização diretamente para criadores! Há tanta gente que tem essa capacidade, tem o conhecimento, queremos dar espaço para que essas pessoas apareçam e ganhem dinheiro. O tipo de pagamento direto pode ser assinatura, venda de ingresso, capacidade de dar uma gorjeta no final da conversa, agradecendo o criador por trazer aquele assunto para as pessoas… Estamos investindo nisso e estamos animados, acreditamos que isso vai alinhar os incentivos com as pessoas que querem criar bom conteúdo.

(Entrevista ao Bloomberg Technology em 1 de fevereiro de 2021)

Falando em monetização e crescimento, o Twitter está com o projeto do Spaces, que é exatamente uma rede social via voz. O que acha sobre isso?!

Nós acreditamos no poder da voz, acho que vários players vão lançar produtos com foco em voz, da mesma forma que lançaram vários produtos baseados em foto e em vídeo. Não é surpresa alguma que outros estão trabalhando em produtos com voz. Por aqui, nosso foco é em construir a nossa comunidade e dar força para ela.

(Entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC, em 1 de fevereiro de 2021)

Gostou do conteúdo? Que tal entrar no nosso bate-papo pegando a história do Clubhouse como ponto de partida para falar sobre como o mundo dos aplicativos sociais ainda tem muito a ser explorado. Acesse nosso Room, hoje às 19:00.

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